Reforma Tributária: impactos e oportunidades para multinacionais no Brasil
Nos últimos meses, nós da GESIF estamos postando uma série de matérias aqui no nosso blog, tratando sobre os temas mais relevantes que envolvem a reforma tributária.
Dando sequência as postagens, hoje falaremos os impactos e oportunidades que a reforma tributária trará para as empresas multinacionais:
Assim como foi comentado no blog da Synchro, no post “Reforma Tributária brasileira: impactos e oportunidades para empresas multinacionais” saiba como a reforma tributária vai afetar esse perfil de organização:
Leia também: O papel das soluções fiscais na Reforma Tributária: Como preparar sua empresa para o novo cenário fiscal
IVA na Reforma Tributária
A recente aprovação da Reforma Tributária (Emenda Constitucional nº 132/2023) representa uma das mais relevantes transformações no sistema fiscal brasileiro em décadas. Para empresas multinacionais com operações no país, esse novo cenário exige atenção estratégica — tanto para lidar com os desafios quanto para aproveitar as oportunidades que surgem com as mudanças.
Conhecido por sua complexidade fiscal, o Brasil avança agora em direção a um modelo mais alinhado às práticas internacionais, especialmente com a introdução de um sistema de Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Para grupos empresariais globais, a compreensão profunda dessas alterações será determinante para garantir compliance fiscal, preservar margens operacionais e manter a competitividade no mercado brasileiro.
O que muda com a Reforma Tributária
A proposta de modernização traz um novo desenho para a tributação sobre o consumo, por meio da extinção de tributos como IPI, ICMS, ISS, PIS e Cofins. Em seu lugar, será implementado um sistema de IVA dual, composto por:
- CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) – de competência federal;
- IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) – de competência estadual e municipal.
A lógica por trás da mudança é promover maior simplificação, neutralidade tributária e redução da cumulatividade, objetivos que, se bem implementados, tendem a gerar ganhos operacionais para empresas de todos os portes — em especial para aquelas que atuam em múltiplas jurisdições.
Impactos diretos para multinacionais
Para as empresas multinacionais (EMNs), os efeitos da reforma vão além do redesenho da carga tributária. A nova configuração exige uma revisão detalhada de estruturas fiscais, processos internos e estratégias de negócios no país. Veja os principais pontos de atenção:
- Cadeia de suprimentos e precificação
A substituição dos tributos atuais pelo IVA dual pode alterar significativamente a composição de custos. Multinacionais precisarão reavaliar estratégias de precificação e logística, especialmente aquelas que operam com centros de distribuição, importações e diferentes regiões fiscais.
- Adaptação de sistemas e compliance
A complexidade do novo modelo exigirá investimentos em tecnologia e revisão dos ERPs. Empresas que utilizam soluções como SAP, Oracle ou Infor deverão ajustar seus sistemas de apuração fiscal para garantir conformidade e rastreabilidade nas novas obrigações.
- Tributação de lucros no exterior
A reforma pode trazer regras mais rígidas sobre repatriação de lucros e elisão fiscal. Empresas globais precisarão reavaliar suas estruturas internacionais e a forma como gerenciam resultados entre países, garantindo aderência às novas exigências brasileiras e internacionais.
- Créditos de IVA e cumulatividade
Embora a reforma prometa simplificar o aproveitamento de créditos, é essencial compreender as novas diretrizes — principalmente para empresas com operações multissetoriais ou presenciais em diversas regiões. A gestão eficiente de créditos de IVA pode se tornar um diferencial competitivo.
Desafios e oportunidades na transição
O período de transição será gradual, mas traz consigo riscos. A convivência de regimes antigos e novos, regras específicas por setor e dúvidas sobre interpretação legislativa exigem atenção redobrada.
Por outro lado, empresas que se anteciparem e se adaptarem rapidamente poderão conquistar vantagens importantes:
- Redução de carga tributária com o fim da cumulatividade;
- Simplificação das operações fiscais, reduzindo custos administrativos;
- Maior previsibilidade jurídica e contábil no médio e longo prazo;
- Melhor posicionamento competitivo frente a novos investimentos estrangeiros no Brasil.
Questões internacionais em destaque
Para multinacionais, a interação entre as regras brasileiras e os tratados e normas internacionais será um ponto central no planejamento tributário:
Preços de transferência
As mudanças podem impactar diretamente as transações entre empresas do mesmo grupo multinacional. A aplicação de regras de preços de transferência (Transfer Pricing) deverá ser revista, considerando a integração com o novo modelo de IVA.
Tributação internacional
As regras sobre a renda auferida no exterior poderão sofrer alterações relevantes, afetando a carga tributária global. Será necessário monitorar atentamente a legislação brasileira, mas também as mudanças nos países de origem da empresa.
Digitalização e automação fiscal
A tendência de digitalização do sistema fiscal, intensificada pela reforma, deve facilitar a integração dos processos fiscais entre países. Isso permite melhor gestão de dados, automação de obrigações acessórias e reforço do compliance em nível global.
A internacionalização como eixo da estratégia fiscal
Para empresas com atuação em múltiplos países, a integração da gestão tributária global é mais relevante do que nunca. A reforma tributária brasileira adiciona uma camada extra de complexidade ao ambiente regulatório, e exige:
- Visão estratégica para adaptação contínua;
- Profissionais especializados em tributação internacional;
- Monitoramento sistemático de legislações nacionais e acordos bilaterais;
- Investimento em tecnologia fiscal e automação de processos;
- Comunicação clara com as autoridades fiscais, mitigando riscos jurídicos.
Fonte: Blog da Synchro.
Conclusão: como transformar a Reforma Tributária em vantagem competitiva
A Reforma Tributária brasileira traz mudanças profundas, e embora envolva riscos e incertezas, também representa uma janela de oportunidade para empresas multinacionais se diferenciarem no mercado.
Empresas que atuarem de forma preventiva, com suporte especializado e ferramentas tecnológicas adequadas, estarão mais preparadas para enfrentar esse novo cenário — transformando a adequação às novas regras em um diferencial estratégico.
A GESIF acompanha de perto as evoluções da reforma e apoia empresas que utilizam soluções fiscais da Synchro integradas aos principais ERPs do mercado (Oracle, SAP, Infor). Nossa equipe está pronta para orientar sua empresa nessa transição e fortalecer sua atuação fiscal no Brasil com segurança, eficiência e inteligência.